Inicialmente, irá causar surpresa e admiração. Mas acredite! Existe um tesouro perdido no meio de Douro: a Ilha dos Amores. Não se trata da ilha cantada por Luís de Camões nos Lusíadas, mas de uma ilha real, mágica e especial, que nos convida a deixarmo-nos encantar.
No lugar onde o Rio Douro e o Rio Paiva se cruzam, pode ser encontrada esta incrível relíquia, também conhecida como Ilha do Outeiro ou Ilha do Castelo. Aliás, esta última designação surgiu pelo facto de, em tempos longínquos, aí existido uma pequena construção, atualmente em ruínas.
Esta pequena ilha desabitada encontra-se praticamente em estado bruto, rica em vegetação autóctone e selvagem, permitindo um contacto muito próximo com a Natureza. Afinal, o paraíso pode estar aqui bem perto: situada a menos de 60km do Porto, oferece paz, tranquilidade e calma. É, sem dúvida, uma experiência única para quem está de visita ao Douro.
E claro, ilha que é ilha, não poderia deixar de ter uma lenda associada, qual romance trágico das histórias hollywoodescas. Conta-se que um lavrador se apaixonou por uma mulher abastada, uma fidalga, como chamavam na altura. O sentimento era recíproco. E sabendo das diferenças sociais que na altura os separavam, não duvidaram que este seria um difícil romance. Mas continuaram a aventura, até serem descobertos e proibidos de se encontrar. Mais tarde, a fidalga cedeu a um casamento arranjado, provocando a maior tristeza no antigo namorado. O camponês não aguentou. Num ato de loucura, ao ver o novo casal passear-se junto ao Rio Douro, matou o fidalgo e atirou-o ao rio, escondendo-se, seguidamente, na ilha. O objetivo era levar o seu grande amor consigo e, assim, aconteceu. Numa noite, quando partiram de barco, e sem que nada o fizesse prever (qual espírito demoníaco de vingança), uma grande tempestade surgiu, fazendo o barco naufragar e ser eternamente engolido pelo Rio.
Lendas à parte, que apenas aumentam o mistério e os mitos em torno deste pequeno pedaço de terra, esta bela ilha nada tem de sombrio, merecendo uma visita sem pressas, contemplativa. O seu pequeno e pitoresco cais recebe-nos de braços abertos e as mesas em pedra merecem um delicioso piquenique, apresentando-se como um refúgio encantado num sublime cruzamento de cursos de água. E no Verão, quando o calor aperta, as águas cristalinas e calmas convidam a um agradável e refrescante mergulho.
É, certamente, um local para respirar ar puro, recarregar energias e descobrir as maravilhas da Natureza. Feche os olhos e sinta apenas a vida livre da fauna e flora que por aqui habitam: os pássaros a chilrear levemente, o barulho sereno da água, o murmúrio dissimulado das árvores… Uma visita plena e adorável para se perder de amores. No seu Douro, sempre!