Que o Douro esconde alguns dos maiores tesouros paisagísticos do país, isso é do conhecimento de todos. Afinal, são muitos os recantos e encostas que encantam turistas e continuam a inspirar escritores e pintores, dando azo a romances e dramas de renome no nosso país.
O que talvez não saiba é que há várias curiosidades e lendas que pairam sobre a região duriense como um véu misterioso. Assim, se quer descobrir mais sobre uma das zonas mais bonitas e famosas do país, fique atento: nós partimos à descoberta e reunimos sete factos sobre o Douro que provavelmente não sabe (mas que vai gostar de saber!).
A Região Demarcada Mais Antiga do Mundo!
A região do Douro, para além da sua inigualável beleza, é conhecida sobretudo pelo seu Vinho. Afinal, é lá que é produzido um dos mais famosos néctares do mundo: o Vinho do Porto. O que talvez não saiba é que o Douro é a região vinícola demarcada mais antiga do mundo. Não acredita?
Se recuarmos até ao ano de 1756 descobrimos que foi Marquês de Pombal quem atribui o estatuto à região que se estende rodeada pelas Serras do Marão e Montemuro. Assim, Marquês de Pombal assumiu-se como o primeiro líder a determinar um esquema organizacional de uma região vinícola. A atribuição do estatuto deveu-se, claro, à qualidade do vinho produzido na região. E, em 2011, a Unesco considerou o Douro como Património da Humanidade.
Os Benefícios do Xisto!
E sabia que a qualidade do célebre e delicioso Vinho do Porto - amplamente apreciado a nível nacional - se deve também ao predominante xisto presente na região? É que, por existir a pedra de xisto em grandes quantidades no solo e esta reter a quantidade de água suficiente, oferece às videiras a possibilidade de sobreviverem até nos meses secos de verão, permitindo que haja sempre uvas de boa qualidade que, posteriormente, serão a matéria prima do delicioso vinho do Porto e, dos menos conhecidos, Vinhos do Douro.
A Mistura Perfeita Faz o Bom Vinho!
E, por falar em vinho do Porto, talvez não saiba que quase todos os Vinhos do Porto são blend (em tradução livre “misturados”), uma vez que resultam da mistura de diversas castas, numa tentativa de encontrar o equilíbrio perfeito de paladar. E, de facto, é sempre um delicioso néctar dos Deuses, os vinhos que nos são apresentados pelas diversas “Quintas” presentes no Douro, não acha?
De Mãos Dadas com a Natureza!
Mas nem só ao xisto e à mistura de castas se deve o paladar do renomado Vinho do Porto. Para que a produção fosse profícua, os vinicultores viram-se obrigados a “surribar” a região. Ou seja, para conseguir plantar videiras em condições razoáveis, os vinicultores desbravaram o Vale do Douro, o que resultou nos célebres socalcos que alguns pensam ter sido obra da Natureza. Mas não foram. São antes a prova do esforço das gentes do Douro em plena comunhão com as paisagens de cortar a respiração que a região duriense encerra.
Quem São os Produtores do Douro?
Embora existam cerca de 33000 produtores de Vinho no Douro, a grande maioria detém apenas um hectare de terreno. O que significa que estes pequenos proprietários vendem a produção a outros grandes produtores ou às cooperativas da região, sendo o produto final um bom trabalho de equipa.
O Náufrago do Qual Reza a História!
Falando em produtores, também as gentes do Douro ocupam uma parte importante da célebre História do Douro. Ou da lenda. Com efeito, reza a lenda que a Dona Adelaide Ferreira - uma das maiores proprietárias de vinhas da região do Douro, conhecida como “a Ferreirinha” - se salvou de um afogamento quando o Barco Rabelo no qual navegava naufragou, em 1861, por usar saias de balão que, ao insuflar, a fizeram flutuar até à margem. Já o Barão de Forrester acabou por falecer nesse trágico acidente em pleno Rio Douro. Diz-se que o cinto de cabedal que sempre usava para guardar as libras de ouro e as botas carregadas de moedas que também calçava nesse dia, o fizeram afundar-se mais rapidamente, tal era o peso que consigo carregava.
As Gravuras que Contam a História!
Lendas à parte, facto é que o Douro alberga o maior museu do Paleolítico a céu aberto do mundo. Como já lhe contámos em “Desvendando Mistérios: o que o Vale do Côa tem de Especial?”, são mais de 500 as rochas com desenhos e gravuras, escavadas na pedra, e pinturas rupestres que nos permitem observar a presença de antepassados longínquos na região. Por isso, se nunca visitou o Vale do Côa, vai mesmo ter que o fazer, porque parte da nossa História foi escrita ali.
E agora que já conhece os sete factos mais recônditos do Douro, do que está à espera para ver a região duriense pelos seus próprios olhos?