O Douro é conhecido pelas suas belíssimas paisagens já eleitas Património da UNESCO e, claro, pelo néctar delicioso que lá se produz: o famoso Vinho do Porto e os não menos célebres Vinhos do Douro. Mas, para além destas duas caraterísticas que, anualmente, levam milhares de turistas nacionais e estrangeiros à região duriense, há vários outros tesouros escondidos que merecem ser descobertos.
Afinal, há um Douro mais profundo que vai além dos pontos turísticos e que envolve as suas gentes que, genuínas, fazem deste vale um dos lugares mais bonitos do mundo. Assim, percorrer a região duriense de lés a lés, entrando por todo um Douro adentro, é magnífico e crucial para todos os que querem explorar muito mais do que aquilo que está estipulado nos vulgares roteiros turísticos.
Para aqueles que têm a ousadia de conhecer os rostos e vozes da região, ao mesmo tempo que se deliciam com a Gastronomia típica, repleta de receitas passadas de geração em geração. Para aqueles que querem ver de perto quem faz o vinho e quem fez do vinho a sua vida. Para aqueles que preferem percorrer os caminhos sinuosos e apertados das aldeias vinhateiras e respirar o ar puro, carregado de uma deliciosa paz. E para todos aqueles que, curiosos, apreciam a Natureza no seu estado mais puro e pretendem descobrir o pulsar de todo o Vale do Douro. Para todos eles, é imprescindível perscrutar no coração do Douro e perder-se nas suas aldeias vinhateiras, nas quais a magia é real!
As Aldeias Vinhateiras do Douro
E por falar em aldeias vinhateiras, foi em 2001 que o projeto desenvolvido para a recuperação de algumas aldeias do Alto Douro Vinhateiro viu luz. A ideia era dar um novo fôlego a algumas aldeias vinhateiras perdidas na sua ruralidade, atendendo a aspetos socioeconómicos, de fixação da população, da promoção turística do Douro e, claro, do fomento da cultura popular. Ao todo foram seis (de entre mais de cem) as aldeias incluídas neste projeto, conquistando o título de “aldeias vinhateiras”: Favaios, Ucanha, Aldeia de Barcos, Provesende, Salzedas e Trevões.
O projeto, de muito sucesso, trouxe uma nova vida a estas pequenas povoações, tornando-as num local de passagem obrigatória. Uma vez que se encontram no mais profundo Douro, nem todos os roteiros turísticos as contemplam, mas todas elas merecem uma demorada visita. Sem pressas. Com toda a calma do mundo. Simplesmente… respire, descanse e relaxe!
Favaios
Localizada no concelho de Alijó – bem no planalto do sopé da serra do Vilarelho – a aldeia de Favaios é uma das mais antigas, escondida mesmo no coração do Douro. Os historiadores afirmam que a sua História remonta à Idade do Ferro, o que faz dela uma aldeia peculiar. Para além das Quintas, vinhedos, solares e casas brasonadas, aqui o pão ainda se produz à maneira antiga – e tão delicioso que ele é – e é, ainda, a casa do doce Vinho Moscatel Galego Branco.
Na verdade, são cerca de 1500 as pessoas que habitam em Favaios e quase todas estão ligadas à viticultura. E, aliás, este Vinho Moscatel diferencia-se facilmente dos restantes, uma vez que é produzido a partir de uma só casta (Moscatel Galego), cultivada numa área específica e delimitada entre Favaios, o lugar da Granja e Alijó, a mais de 600 metros de altitude.
Perca-se por Favaios, de preferência com um cálice de Moscatel na mão e uma máquina fotográfica na outra. A nossa sugestão é simplesmente única: um programa de dia completo que, para além de outras atividades, inclui uma visita a uma emblemática Quinta nesta aldeia encantadora, uma deliciosa prova de vinhos assistida por enólogos e um almoço bem tradicional tendo como cenário paisagens de vinhas arrebatadoras. O nosso programa “Experiências no Douro” é isto e muito mais, tendo a oportunidade de provar o bom pão de Favaios e os sabores típicos da região.
Provesende
Localizada na margem norte do Rio Douro, Provesende faz parte do concelho de Sabrosa e é uma aldeia vinhateira absolutamente encantadora. Aqui, poderá visitar a Capela de Santa Marinha, que em tempos foi um templo pagão até o Cristianismo a conquistar. Entretanto, foi também uma mesquita árabe até ter acontecido a reconquista cristã.
Igualmente de visita obrigatória em Provesende é a capela do Castro de São Domingos que, erguida a 809 metros de altitude, permite uma vista absolutamente deslumbrante sobre os tão característicos socalcos do Vale do Douro. Hoje, o Castro encontra-se em ruínas, mas ainda se reconhecem nele vestígios da Idade do Ferro, como as suas muralhas em xisto.
E foi também aqui, em Provesende, que Joaquim Pinheiro, um pacato viticultor, começou a combater uma praga que, no século XIX, quase lançou sobre as vinhas do Douro um manto de destruição.
Por tudo isto, vale a pena percorrer, sem pressas, as ruas calmas e apertadas de Provesende e apreciar a Igreja Matriz, as casas brasonadas e o antigo Pelourinho, enquanto se vai parando aqui e acolá para trocar dois dedos de conversa com as gentes que fizeram, e todos os dias fazem, do coração do Douro o seu lugar feliz.
Aldeia de Barcos
A terceira aldeia vinhateira imperdível, para quem quer mergulhar nas profundezas do Douro, é a Aldeia de Barcos, localizada no concelho de Tabuaço, na região demarcada do Alto Douro Vinhateiro. Aqui, a História remonta à Idade do Bronze e as origens românicas ainda ecoam na arquitetura da Igreja Matiz, um dos mais importantes monumentos da aldeia, classificado em 1922 como monumento nacional. O seu interior merece uma vista bem observadora, com o teto pintado a partir de cenas da vida de Cristo e o altar, sumptuoso, em talha dourada. Até aos mais céticos da religião se surpreenderão com esta magnitude.
Também em Barcos poderá ver uma famosa “roda dos expostos”, um mecanismo que, antigamente, era utilizado para deixar bebés recém-nascidos ao cuidado de instituições de caridade.
Perca-se, sem pressa, nesta aldeia vinhateira e aprecie não só a paisagem deslumbrante sobre o imenso Vale do Douro, mas também todo o importante património edificado, como o Santuário de Santa Maria do Sabroso e os Paços do Concelho.
Trevões
Situada em São João da Pesqueira, também Trevões é uma aldeia vinhateira que vale a pena visitar. Afinal, esta aldeia ganhou vida num planalto, onde o horizonte é repleto de vinhas, apenas interrompidas por áreas montanhosas de floresta.
Contrariamente à maioria das aldeias vinhateiras do Douro, Trevões não vive apenas do vinho. Aqui faz-se o cultivo de frutas e produtos hortícolas, produz-se azeite e ainda se trabalha nas madeiras do pinheiro e do eucalipto. Ou seja, é uma aldeia onde há mais diversidade e onde se misturam viticultores com agricultores, numa massa simpática de gentes durienses.
Se gosta de monumentos, saiba que deve mesmo visitar Trevões. São muitas as capelas existentes nas redondezas, como a de Nossa Senhora da Conceição e do Mártir São Sebastião. A aldeia goza, ainda, de um museu, onde procura divulgar a sua História, curiosidades e modos de vida tradicionais da aldeia e das suas gentes. Ou seja, se quer conhecer o Douro mais a fundo, não perca tempo e vá!
Ucanha
Uma viagem ao Douro, sobretudo se feita pelas aldeias vinhateiras, não está completa sem uma visita a Ucanha. Pequena, pacata, maravilhosa… Localizada na margem direita do Rio Varosa, numa maravilhosa encosta que desce até ao rio, é uma das mais antigas aldeias da região. Aliás, diz-se que o seu nome advém de Cucanha, uma palavra usada até ao século XVII para designar “casebre” ou “lugar de diversão”.
Com efeito, esta é uma terra cheia de História e histórias, tendo sido os romanos os primeiros a ver na região o potencial dos seus terrenos férteis para desenvolver explorações agrícolas. Por isso, ainda hoje é possível ver a via romana que ligava Ucanha a Braga.
Como seria de esperar, também em Ucanha as paisagens sobre o Vale do Douro são de cortar a respiração. Mas nem só de paisagens e calmaria se faz esta aldeia. Afinal, é lá que existem duas edificações importantes que vai ter mesmo de ver de perto: a Torre e a Ponte de Ucanha.
Assim, se quer descobrir Ucanha pelos olhos de um habitante local, junte-se a nós no nosso já muito aclamado “Douro Encantado”, um encantador passeio de três dias, repleto das mais típicas experiências durienses. Neste emblemático percurso, o nosso guia contar-lhe-á todas as curiosidades e segredos desta aldeia vinhateira, terminado a visita a Ucanha com um almoço tradicional num delicioso restaurante local.
Do que está à espera para se perder nas aldeias vinhateiras e explorar um outro Douro, ainda muito desconhecido? Parta à aventura!