A Região do Douro, uma das mais belas do país, esconde recantos e tesouros de inigualável beleza que vale a pena descobrir. Uma delas é o Vale do Côa que, considerado o maior Museu do Paleolítico ao ar livre a nível global, ganhou o título, não só de monumento nacional, como de Património Cultural da Humanidade pela UNESCO. Assim, vamos contar-lhe tudo o que precisa de saber sobre o Vale do Côa para que possa já começar a preparar a sua próxima viagem ao Douro, enquanto imagina as belas fotografias que vai tirar e as experiências que vai vivenciar.
Que tesouro é esse que o Vale do Côa esconde?
Situado nas margens do Rio Côa (afluente do Rio Douro), o conhecido Vale do Côa guarda, nas suas rochas de xisto que se estendem por quilómetros, um dos maiores segredos da Humanidade: gravuras e desenhos que, perpetuados na pedra, sobreviveram por mais de vinte e cinco mil anos ao Homem e à Natureza. Ao todo, são mais de mil rochas onde é possível observar representações rupestres.
Aqui, os painéis de arte que tiveram a sua origem no Paleolítico Superior, contam-nos a história da História, servindo como prova do povoamento desta região por antepassados longínquos. A maior parte das gravuras prende-se com desenhos de animais como cavalos, bois, veados e cabras, mas é possível observar também gravuras com representações humanas e até abstratas. Os arqueólogos concluíram que foram usadas quatro técnicas distintas para gravar tais desenhos na pedra, sendo elas a incisão fina, abrasão, picotagem e raspagem.
Mas nem todas as gravuras remontam ao Paleolítico. Há representações de eras pós-Paleolítico que contêm até vestígios de pintura. E, de facto, é que neste Vale do Côa podemos observar – para além de representações feitas no Paleolítico – gravuras do Neolítico e Calcolítico, da Idade do Ferro, e até de uma era mais recente entre os séculos XVII e XX, na qual foram moleiros da região gravaram o seu quotidiano na pedra.
Embora os habitantes da região do Vale do Côa tivessem conhecimento da existência destes achados arqueológicos, só mais tarde houve se reparou nas gravuras primitivas e na raridade deste tesouro escondido nas margens do rio. Aliás, só em 1995 é que tais descobertas foram levadas a sério em virtude do início das obras da Barragem do Rio Côa, entretanto suspensas. Assim, o Vale do Côa recebeu o título de monumento nacional e, seguidamente, de Património Cultural da Humanidade pela UNESCO, classificação que ajudou à preservação deste achado, constituindo-se, então, como o maior museu a céu aberto de arte do Paleolítico.
O que fazer no Vale do Côa?
Estando no Vale do Côa, a visita ao Parque Arqueológico do Vale do Côa é obrigatória. Afinal, poder observar in loco as gravuras primitivas que se estendem ao longo da região do Côa é um privilégio, uma vez que são a maior mostra de arte do Paleolítico do mundo, assim como parte da História da Humanidade.
Apesar de existirem vários núcleos arqueológicos com gravuras rupestres, que se encontram maioritariamente ao longo dos últimos 17 quilómetros do Rio Côa e se estendem à restante Região do Douro, apenas três podem ser visitados pelo público: Canada do Inferno, Penascosa e Ribeira de Priscos.
As visitas são feitas em grupos de 8 pessoas no máximo, são obrigatoriamente orquestradas por guias do Museu do Côa ou agentes autorizados e mediante marcação. E, no núcleo arqueológico de Penascosa, esta experiência pode ser feita à noite, com recurso a luzes artificiais. Não só se tratará de uma visita única, como será espetacular e diferente.
E, naturalmente, também o recente Museu do Côa é paragem obrigatória para quem visita a região. Sugerimos que o visite antes de se deixar arrebatar pelas gravuras. Muito bem organizado, o museu apresenta e contextualiza toda a mostra arqueológica patente no Vale do Côa, o que permite aos visitantes compreender melhor as gravuras e a sua magna importância histórica. E no final da visita ao museu e da aventura pelos núcleos arqueológicos, lanche ou tome um café na cafetaria do museu, na qual pode usufruir de uma das melhores vistas de sempre!
O que fazer após a visita às Gravuras Rupestres?
Depois de visitar os núcleos arqueológicos e o Museu do Côa, sugerimos-lhe que suba até ao Castelo Melhor, um dos mais antigos castelos do país, datado do século XIII, e se deixe arrebatar pela paisagem de cortar a respiração. Devemos lembrar, ainda, que este castelo teve um papel importante na História de Portugal, aquando da defesa das terras de Ribacôa.
E se ainda tiver forças, perca-se pela região do Douro Superior que vai de São João da Pesqueira até Barca D’Alva, passando – claro – por Foz Côa. Observe as paisagens que já inspiraram tantas figuras importantes da História e deixe-se arrebatar pela sua beleza natural, explorando as estações de comboios, as ruas estreitas e os recantos que, escondidos, se revelam bonitos tesouros.
Como chegar ao Vale do Côa?
A melhor forma de visitar o Vale do Côa é de carro. Com boas estradas, mas um pouco estreitas, aproveite para conduzir sem pressas e apreciar a beleza que só esta região lhe consegue oferecer. Provavelmente conseguirá ver o pôr-do-sol mais bonito de que terá memória, no IP2 ou na EN222. E, com viatura própria, pode traçar o seu próprio itinerário e horários, conseguindo maior mobilidade para conhecer todo o encanto do Vale do Côa.
Outra forma, e mais peculiar, de visitar a região de Vale do Côa e através de um magnífico Cruzeiro. Assim, será um dia inteiro repleto de algumas das experiências mais típicas da região. Com embarque no bonito cais da Régua, irá desfrutar de um belo passeio de barco pelo fantástico Rio Douro, a partir do qual a perspetiva das margens e das paisagens é deslumbrante. E este cruzeiro inclui, ainda, a visita ao Museu do Côa, onde poderá reviver a História dos nossos antepassados. E o regresso será realizado em comboio, numa viagem espetacular pela Linha do Douro, num percurso ladeado pelo Rio Douro e que passa por pontes e túneis emblemáticos.
Agora que já sabe que o Vale do Côa esconde um dos maiores tesouros da Humanidade, do que está à espera para marcar a sua escapadinha à região?